29/03/2012

maresia


fiquei pensando
o que preenche teu olhar
no outro lado da fotografia

era mar?
era poesia?

na dúvida, chamei maresia




hfernandes 



28/03/2012

oferenda



se pudesse viver
tal qual pescador
se entrega ao mar

seria inteira amor,
oferta de yemanjá



hfernandes



27/03/2012

tardia




se nascida noutra época
ter-me-ia com as borboletas

contudo a estação é cega
- não tarda, obsoleta



hfernandes




22/03/2012

resistência




quando a natureza aparece morta
a vida comprova a sua magnitude

resistir não é vitória,

é virtude



hfernandes




14/03/2012

dos enlaços



Se história resume-se ao entendimento dos fatos,
conclui-se que, entre nós, não houve imaginário...



 
não foi brincadeira...
mero devaneio ou algum 
amplexo surreal de almas sutil 
mente arteiras

foi algo per fei ta 
mente normal [e palpável]
dentro do universo fan tas ma 
górico das emoções



hfernandes
abr. 2009


*Imagem disponível aqui.


12/03/2012

depois...



ando tão sentimento...
amando à jovem guarda


hfernandes






"quero que você viva sem mim
eu vou conseguir também,

depois..."



Marisa Monte,
in: fragmento de Depois.
Cd: "O que você quer saber de verdade".



08/03/2012

das delícias

não desacredito no amor...

no alvor dos laços
nas ânsias que levam
homens/mulheres às delícias
do claustro
- alegrias e elevações da maternidade

mas penso haver felicidade
sem que se precise morrer.



Hercília Fernandes,
In Maria Clara: uniVersos femininos
(LivroPronto: 2010).

 

"Para Beauvoir, Sartre foi o companheiro que não exigiu que ela renunciasse a si mesma. Para ele, Castor [assim Sartre chamava Simone]  foi a cúmplice em um projeto que raras mulheres de sua geração aceitariam: uma parceria amorosa radicalmente antiburguesa, que excluía casamento, filhos, formação de patrimônio.

Uma união em que o pensamento e a escrita sempre estiveram em primeiro lugar, seguidos do companheirismo, do prazer da conversa, da paixão pela política. 'Bruscamente, não me achava mais só', escreveu Simone, surpresa por ter encontrado um homem que a dominava intelectualmente, mas que a estimulava para que se tornasse sua igual. 'Com ele, poderia sempre tudo partilhar'.

Não foi um arroubo de juventude. Sartre e Simone bancaram, durante 51 anos, a ousada proposta do que Benjamin Péret chamou de 'amor sublime', entre homem e mulher capazes de fazer, do encontro amoroso, condição de sublimação. Sartre não tinha interesse em dominar Simone. Sua liberdade o interessava, assim como seu talento e sua produção escrita. Foram sempre os primeiros leitores dos livros que um e outro escreviam.

Nunca moraram na mesma casa. Mesmo durante a doença de Sartre, os hábitos do agradável cotidiano compartilhado respeitavam os limites da autonomia de cada um. Passavam, juntos, uma parte das férias; depois, cada um viajava para o seu lado. 'Mas a separação de Sartre sempre era um pequeno choque para mim', escreveu Beauvoir".


Maria Rita Kehl


*Ver artigo completo aqui.

06/03/2012

amor na primavera (3)



se o amor faz bem
se a tudo, a todos, convém
por que me fazes dor?

não vês, não ouves, não sentes?

eu morreria por ti,
cortar-me-ia na primavera

por ti

ainda que o amor viesse a.gosto
e não setembro...



hfernandes




*Pra vê, ouvir, sentir: Amar alguém (Marisa Monte).



05/03/2012

ainda bem



que agora encontrei você
eu realmente não sei
o que eu fiz pra merecer
você

porque ninguém
dava nada por mim
quem dava, eu não tava a fim
até desacreditei
de mim

o meu coração
já estava acostumado
com a solidão
quem diria que ao meu lado
você iria ficar
você veio pra ficar
você que me faz feliz
você que me faz cantar
assim

o meu coração
já estava aposentado
sem nenhuma ilusão
tinha sido maltratado
tudo se transformou
agora você chegou
você que me faz feliz
você que me faz cantar
assim:




“pensei em chamar alguém que,
assim como eu,
gostasse de dançar mas não fosse
dançarino profissional.

foi quando lembrei do campeão.”







intimidade


.
.
.


viu-se, grosso modo,
à luz da obviedade

e foi como se lhe
roubassem as vísceras

o que dentro altiva
fora, des.fia nós

.
.
.


hfernandes



"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)