04/02/2012

des.fronteiras

Em diálogo com Não sei quantas almas tenho, de Fernando Pessoa.





não sei quantas almas tenho,
fernando, quantos pessoas

me divisam

às vezes, estrangeira
peregrina solo místico

noutras, alça deforme
jura de fé e ceticismo

se me pedes calma
minh’alma venta abismo

lembra as paisagens do ser 

na altivez do espírito

mas se me pedes aridez
minh’alma é alvura

manto de ternura com qual 

se alça criança
 


hfernandes
"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)