05/04/2010

Nada há o que ser dito

A Fouad Talal 
por me agraciar, gentilmente, com os versos de “O último por do sol”, de Lenine.


Ele escuta silêncio.
O sentido de não palavras: das negativas às afirmações.
Compreende a longevidade nas pausas pela brevidade da demora.
Sabe que, entre-linhas, há uma ponte cujas águas vêm de fonte cristalina.
E há, ainda, a chama, o chamado e a bruma.
A névoa que recobre floresta e habita pássaro. E o pássaro voa noite adentro e se esconde no tardar dos primeiros raios.
Por que jaz o sol. Ele vem de outra ordem...

Hercília Fernandes


***


À Hercília Fernandes,
por ela existir.


Em que espelho se reflete
a essência de minh'alma?

Da janela, sorrateira
ela me sugere: calma!

Se o real é aparência
e a ilusão é verdadeira

Encontrarás na poesia
a resposta derradeira.

Fouad Talal 


"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)