09/06/2009

Aragem

soneto ao dia que morri...



Eu vi quando vibraram no roseiral (a)

e morreram no assalto da manhã. (b)
A fome e a sede na lida descomunal (a)
a chama crespa na soberba de Tupã. (b)

Eu vi as fendas na rosa e na avelã (b)
a fina bruma ascendente no pontal. (a)
Os bardos e as bestas em fórum letal (a)
as dores póstumas sem o amanhã. (b)

Eu vi a bandeira na praça cívica (c)
o sol nascer, se esconder no horizonte (d)
e o ferrugem no vermelho da maçã. (b)

Eu vi o choro encharcar o lume (d)
as luzes e as cinzas na tocha basílica (c)
e a vida uma aragem úmida e afã. (b)


"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)