Foi-se no mundo sem qualquer dólar, real ou peseta.
Pôs duas mudas e par de calçados em velha maleta. Deixou um vazio
ornado em nota de caderneta:
— Coitada dela! Falava-lhe a voz da in-consciência.
Faltava-lhe o ar comprimido... élan vital. Faltavam-lhe o pôr-do-sol, a primavera e a voracidade matinal. Faltavam-lhe o néctar da tarde e o solo frugal. Todas essas coisas in-sensatas que adoçam o peito de saudade...
Não mais poetiza...
não mais colheita de estrelas na tarde
ou flores noturnas envoltas em jardins de bermuda
não mais sol, náufrago, caravela ou chuva
apenas silêncio e solidão a vaporar-lhe o peito
à banho-maria...
O fio toma forma...
a canção torna-se menor: mel e cólica
o élan lírico adorna, em grau maior, o novel ancestral
........dos meus versos.
Se me faltares,
direi sem qualquer dúvida,
sombra ou roupagem:
"a saudade me desapruma, me abate
confunde-me as brumas, quando
em contagem"...
Ninguém pode afirmar,
com farta verossimilhança,
os motivos que trafegam
nuvens, sonhos, labirintos
as mil tranças-de-criança.
com máxima confiança,
se a palavra que se lança
apresenta-se legítima
ou se, à deriva, é lívida
......................esperança.
poucas e frágeis as verdades:
― há sonho na realidade?
Nada sei...
.........................vão redimir meu corpo?...
A água está morna...
seu estado é per fei ta mente normal
a-normal é essa vontade que me adoça
me faz entrega,
........................colossal
..........................................................bem me quer, mal me quer...
Escassez e fortuna alíneas
Leite a ponto de mel no escuso broquel de cascata.
..................................e a sinopse tornou-se líquida.
Mais acerca de escassez e fortuna...
Uma página da história
Parece brincadeira...
qualquer coisa sem o eira nem a beira
O fato é que ando enjoada: ― sem telha!
A ponto de parir sem til canhao...
intrépidas letras!
Não há pedras...
.......................Há nau frágil
............................................lâmina, pedágio
.....................................................................cinza estrada...
Jardim de Monet
“Podem arrancar uma, duas, até três rosas, mas nunca deterão a Primavera”.
"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."(Gaston Bachelard)