09/04/2009

3 falácias de amor

(escritas em noites tardias distintas, s/d)

I

Nego para melhor
dizer o que as mais
velhas, sisudas e gordas
carolas já estão roxas
de saber...

¡te estraño!...


II

Não falo de amor
posto ser invenção...
Falo de estranhamento
perder o senso em vale
de contemplação.


Falo de coisas insanas
e sanas também.
Nudez em ondas movediças
eterna na brevidade
vai-e-vem...


III

Até que, enfim,
descansemos...
pois que os sinos batem,
em silêncio, os doces desarranjos
de nossa profana e tardia:

in fan ti li da de.



O que preciso e quero é atordoar-me. [...] As sensações da espécie humana em peso, quero-as eu dentro de mim; seus bens, seus males mais atrozes, mais íntimos, se estranhem aqui onde à vontade a mente minha os abrace, os tateie; assim me torno eu próprio a humanidade; e se ela ao cabo perdida for, me perderei com ela ”.


Fausto: Goethe.


"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)