18/02/2009

Bilíngue

[e por falar em formigas...]


O que posso dizer...


se tuas palavras não-ditas
vestiram-me, bilíngue, rosa partida
entrelaçada em flor
de sisal?

se há na tua língua um tropel de formigas
onde levantei um broquel suicida
capaz de fundir
manancial?


O que posso dizer...


se todas as cores de Monet cegaram-me
a retina, traindo-me as narinas entre
surtos e silêncios
de Chagall?

se depois de vender-te flores, enfileirar
flamas em frascos de
silêncios assustadores
o resto me parece
completamente
banal?

mas...
por falar em formigas...



"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)