06/09/2008

Perto demais




Eles não se pertenciam. Havia um filme e um tema de amor: Closer and The Blower’s Daughter.

Assim como na tela do cinema, onde seres autômatos caminham anônimos pelas ruas da cidade, eles se estranhavam e buscavam abrir caminhos caminhando...

Na distração do cenário: uma batida, um freio no tempo, um sobressalto. Eles se reconheceram.

- Oi, estranho! Disse-lhe ela.

Ele nada respondeu, apenas sorriu. E, no seu sorriso, o descontentamento tornou-se riso e o siso vestiu-se de beleza.

Olhos verdes-azuis. Todo o céu sorriu-lhe.
A cinza paisagem tornou-se fértil aragem, a alma já não lhe doía em pranto silenciosa, nem os pés doridos incomodavam-lhe os passos: seus tamancos verdejaram-se.

Ele a amou a primeira vista. Isso é certo! Porém, não soube vislumbrar a sua verdadeira face. Não compreendeu a natureza de sua poética:

- Por tão bela, tão etérea tal qual a filha do sopro na primavera, qual o nome dela?... Ele se inquietava.

Meio dia. Uma, duas, três... perto demais!. Dezesseis horas... A canção embalava os amantes, oferecia asas à imaginação e vestia a história até então não-dita.

Eles não se pertenciam...
Havia um filme e um tema de amor:

Did I say that I loathe you?
Did I say that I want to
Leave it all behind?

I can't take my eyes off of you…



Sugestão de vídeo: The Blower’s Daughter (by Damien Rice). Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=UHPTHP4dihA



"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)