20/02/2007

Como d'antes



Sinto seu olhar vazio
No tempo, na sala, nesse curto espaço sombrio.

Sinto suas mãos paradas e semi-postas
Outrora perdidas e achadas em minhas voltas.

Sinto seu sorriso longe do meu
E a dor sufocar esse peito ainda seu.

Sinto sua voz me confessar
Os contratempos da seca, da neve ou do mar.

Sinto sua alma eqüidistante
E o corpo coberto por véu quase espumante.

Sinto cada passo seu flutuante
Como se os meus fossem secretos, ora obstantes.

Sinto! Nada me é mais importante:
Do que receber-lhe, aurora, como d'antes.


"O sonhador, em seu devaneio, não consegue sonhar diante de um espelho que não seja profundo."

(Gaston Bachelard)